KRSNA PASSEIA DE BARCO COM AS GOPIS



AS ORAÇÕES DAS GOPIS

À medida em que os passatempos de Krsna despontavam na sua mente, as copis cantavam suas canções, que aliviavam a agonia da separação. Elas diziam: “Ó amado Senhor, teu nascimento na terra de Vraja tornou-a por demais gloriosa, e por isso Indira, a deusa da fortuna, sempre reside aqui. É apenas por tua causa que nós, tuas servas devotadas, manteremos nossas vidas. Estivemos procurando por ti em toda parte, então, por favor, revela-te a nós. Senhor do amor, em beleza teu olhar excede o verticilo do mais fino e perfeito lótus desabrochado num lago durante o outono.


Ó maior das personalidades, salvaste-nos repetidas vezes de todas as espécies de perigo, Não és de fato, filho da gopi Yasoda, mas sim a testemunha imanente nos corações de todas as almas corporificadas. Porque o Senhor Brahma suplicou para que viesses proteger o Universo, agora apareceste na dinastia Satvata. Ó melhor dos Vrsnis, tua mão de lótus, que segura a mão da deusa da fortuna, concede destemor àqueles que se aproximam de teus pés por medo da existência material. Ó amado, por favor , coloca sobre nossas cabeças essa mão de lótus que satisfaz todos os desejos. Ó tu, que destróis o sofrimento do povo de Vraja, ó herói de todas as mulheres, teu sorriso despedaça o falso orgulho de teus seguidores.



Por favor, caro amigo, aceita-nos como tuas servas e mostra-nos teu belo rosto de lótus. Teus pés de lótus destroem os pecados de todas as almas corporificadas que se rendem a eles. Esses pés seguem as vacas nos pastos e são a morada eterna da deusa da fortuna. Ó pessoa dos olhos de lótus, tua doce voz e palavras encantadoras, que atraem a mente dos inteligentes, estão a nos confundir mais e mais. Nosso querido herói, revive tuas servas com o néctar dos teus lábios. O néctar de tuas palavras e as descrições de tuas atividades são a vida e alma daqueles que sofrem nesse mundo. Teus sorrisos, teus doces olhares amorosos, os passatempos íntimos e conversas confidenciais que desfrutamos contigo, tudo isso é auspicioso para a meditação e toca-nos os corações, mas ao mesmo tempo, ó enganador, estas coisas agitam muito nossas mentes,



Querido Senhor, quando deixas a aldeia dos vaqueiros para apascentar as vacas, nossas mentes se perturbam com a idéia de que teus pés, mais belos que uma lótus, serão espetados pelas pontiagudas cascas de cereais e pela grama e plantas ásperas. No fim do dia tu, repetidas vezes, mostra-nos teu rosto de lótus, coberto de cachos de cabelo azul escuro e todo empoeirado. Dessa maneira, ó herói, despertas desejos luxuriosos em nossas mentes. Teus pés de lótus são adorados pelo Senhor Brahma, satisfazem os desejos de todos os que se prostram diante deles. Eles são o ornamento da Terra, e em tempo de perigo são o objeto adequado de meditação. Ó destruidor da ansiedade, por favor, coloca esses pés de lótus em nossos seios. Ó herói, tem a bondade de distribuir para nós o néctar de teus lábios, que realça o prazer conjugal subjuga o pesar. Este néctar é todo saboreado por tua flauta ressonante e faz as pessoas esquecerem qualquer outro apego.



Quando partes para a floresta durante o dia, uma minúscula fração de segundo torna-se como um milênio para nós, pois não te podemos ver. E até mesmo quando podemos olha avidamente para teu belo rosto, tão encantador com seu adorno de cabelos cacheados, nossas pálpebras, que foram elaboradas pelo todo criador, dificultam esse prazer. Querido Acyuta, sabes muito bem porque viemos até aqui. Quem senão um enganador como tu, abandonaria mulheres jovens que vieram vê-lo no meio da noite, encantadas pelo som alto de sua flauta? Só para ver-te, rejeitamos por completo nossos maridos, filhos, ancestrais, irmãos e outros parentes. Oh, bem-amado! Teus pés de lótus são tão macios que os colocamos gentilmente em nossos seios, temendo que se machuquem. Nossa vida depende inteiramente de Ti. Por isso, nossas mentes enchem-se de preocupação temendo que os seixos machuquem teus tenros pés, enquanto perambulas pelos caminhos da floresta.”

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